Memórias da Estação - Prosaico Amanhecer
Por Thiago Rossi
Levantei-me cedo e me banhei. Do guarda-roupas antigo, escolhi meu melhor paletó e a minha mais nova gravata listrada, tudo combinando em cores. As botas, tive de escolher as menos usadas, o que me levou a constatar que ando necessitado de novos calçados.
Me perfumei com minha colônia, presente de Tia Inês, que outrora tivera um romance furtivo com um italiano vendedor de águas de cheiro. Segui para o meu jardim, bem em frente a minha casa, e selecionei as flores mais belas para compor um buquê. Coloquei as flores na água, enquanto tomava um café e observava atento o andor das setas do relógio da sala.
Do velho rádio ouvi notícias daqui e de além mar, ouvi a Ave Maria e até me peguei rapidamente a rezar. Na hora exata que havia combinado com meus sapatos, saí de casa, chapéu na cabeça e carregando o buquê de flores nas mãos e uma lasca de saudade no peito.
Chão de terra, sol, céu, sorrisos e curiosidade de meus conhecidos pelo caminho.
Cheguei à estação, comprei um jornal que trazia velhas novidades e sentei-me no sétimo banco. Li o jornal e entre uma linha e outra de política e economia, me lembrava que naquela mesma plataforma, naquela mesma data, você partira anos atrás, em busca de novos sonhos e de necessária paz. Não me prometeu que voltaria, mas também nunca me dissera o contrário.
O trem apitou, me roubando uma fagulha de esperança e, de frente ao vagão 29, o mesmo que te levara, esperei todos descerem.
Vários rostos, vestidos, chapéus eu vi, mas nada de seus cabelos avermelhados. Não voltara desta vez, como não voltara nas outras.
Peguei meu jornal e o buquê, o qual depositei aos pés da santa que guarda a estação, fiz lhe uma pequena oração e voltei em passos vagarosos para casa, olhando os passarinhos.
À tarde, sentei-me na varanda, ladeado pelo meu velho cão, enquanto o gato pardo de Tia Inês dormia de mal jeito sobre a janela. Acendi meu cachimbo e, olhando o horizonte, resolvi não pensar em você até o próximo amanhecer.
Levantei-me cedo e me banhei. Do guarda-roupas antigo, escolhi meu melhor paletó e a minha mais nova gravata listrada, tudo combinando em cores. As botas, tive de escolher as menos usadas, o que me levou a constatar que ando necessitado de novos calçados.
Me perfumei com minha colônia, presente de Tia Inês, que outrora tivera um romance furtivo com um italiano vendedor de águas de cheiro. Segui para o meu jardim, bem em frente a minha casa, e selecionei as flores mais belas para compor um buquê. Coloquei as flores na água, enquanto tomava um café e observava atento o andor das setas do relógio da sala.
Do velho rádio ouvi notícias daqui e de além mar, ouvi a Ave Maria e até me peguei rapidamente a rezar. Na hora exata que havia combinado com meus sapatos, saí de casa, chapéu na cabeça e carregando o buquê de flores nas mãos e uma lasca de saudade no peito.
Chão de terra, sol, céu, sorrisos e curiosidade de meus conhecidos pelo caminho.
Cheguei à estação, comprei um jornal que trazia velhas novidades e sentei-me no sétimo banco. Li o jornal e entre uma linha e outra de política e economia, me lembrava que naquela mesma plataforma, naquela mesma data, você partira anos atrás, em busca de novos sonhos e de necessária paz. Não me prometeu que voltaria, mas também nunca me dissera o contrário.
O trem apitou, me roubando uma fagulha de esperança e, de frente ao vagão 29, o mesmo que te levara, esperei todos descerem.
Vários rostos, vestidos, chapéus eu vi, mas nada de seus cabelos avermelhados. Não voltara desta vez, como não voltara nas outras.
Peguei meu jornal e o buquê, o qual depositei aos pés da santa que guarda a estação, fiz lhe uma pequena oração e voltei em passos vagarosos para casa, olhando os passarinhos.
À tarde, sentei-me na varanda, ladeado pelo meu velho cão, enquanto o gato pardo de Tia Inês dormia de mal jeito sobre a janela. Acendi meu cachimbo e, olhando o horizonte, resolvi não pensar em você até o próximo amanhecer.
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