Dias Serranos

Por Gabriel Fernandino





Dias serranos,
nossos corpos salinizados pelos anos,
repletos e completos de vontade ardente
trepar e amar entre o nascente e o poente.

Dias serranos,
meu dedo em tua letra
meu corpo em teu ânus
tu e eu, preenchidos um no outro.

Dias ser anos,
eu nela despido de espera
dois corpos unidos em esfera
omissos de farsa, de roupa, amamos
fodendo, falando, fundindo, fazendo.

Meu membro em teu corpinho potiguar
agressivos gestos do teu cortante anelar
e cingindo os teus verbos acentuados,
tens os seios e os olhinhos transpirados.
Sinuosa assim sobes e desces sobre mim
sussurras o teu convite em tom sacana
quando na cama o drama tece a trama.

Dias ser panos,
diascercanos.
Da serra angulosa a baía carioca
do bom selvagem em nossa oca,
gozando verde na natureza-morta.

Nas ambíguas regiões dessa terra
o mar, o amar, a transa e a serra
seres impenetráveis em corpos tão vulneráveis
na visceral possibilidade da paixão ou da espera.

Cada posição encerra nova conclusão,
cada toque um flagelo e uma delícia
e cabelos anelam o suor da exaustão,
e morfologias indiscerníveis transpiram malícia
e olhos que trocam silenciosas vozes de sedução.

Há mar, amar e ama ar
um encima outro embaixo
deixaSim confundido esse coração.
A cada penetração uma nova paixão.
Um repouso tranquilo
entre a serra e o Mamilo.

Terrenos, seremos serranos.
paixões úmidas em separações estivais.
Todo corpo deve amar, trepar e semear o mundo.


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